Por: Maria Ramos
Vermelho, verde, azul e amarelo, em diferentes tons e combinações – assim são as araras, famosas pelo porte altivo e por suas penas coloridas e uma das aves mais bonitas do mundo.
Paraíso das araras durante muito tempo, o Brasil ainda é o mais rico do mundo em psitacídeos (aves da família Psittacidae), que inclui também papagaios, periquitos e maritacas, com 72 espécies, quase 20% de todos os membros desta família.
Mas depois de mais de 500 anos de exploração inconsequente da natureza, a realidade das araras há muito tempo não é mais a mesma. A população dessas aves, bem como de outros psitacídeos, foi reduzida drasticamente nas últimas décadas, o que resultou em várias espécies extintas e outras seriamente ameaçadas.
A arara-azul-pequena (Anodorhynchus glaucus), por exemplo, foi extinta no final do século passado, e a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), um parente muito próximo da arara, só que bem menor (mede menos de 60 centímetros), não existe mais na natureza devido ao tráfico ilegal de aves raras. O último exemplar selvagem dessa espécie habitava a região de Curaçá, no sertão da Bahia, e vinha sendo monitorado até que desapareceu em outubro de 2000.
Atualmente, mais duas espécies estão ameaçadas de extinção: a arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus), e arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari). Esta última, embora conhecida pela ciência há apenas 30 anos, é uma das aves mais ameaçadas de extinção do mundo: sua população está em torno de 500 indivíduos.
Araras brasileiras
Há 17 espécies de araras distribuídas pela América tropical. No Brasil, cinco espécies podem ser encontradas na região amazônica, no Nordeste e nas regiões do Planalto Central.
As araras brasileiras verdadeiras são a arara-canindé (Ara Ararauna), a arara-canga (Ara macao), a arara-vermelha-grande (Ara chloroptera), a arara-azul-grande, e a arara-azul-de-lear.
De todas essas, talvez, a arara-canindé, também conhecida como arara-de–barriga amarela, seja a mais famosa. Com as asas azuis, o peito e o ventre amarelos, ela tem duas das principais cores da bandeira brasileira. Antigamente, ocorria da América Central até Santa Catarina.
A arara-azul-grande se destaca não só pela beleza, mas por ser o maior psitacídeo do mundo – ela chega a medir um metro de comprimento e pesar 1,5 Kg! Suas penas azul-escuras fazem com que, de longe, pareça preta. É também, por isso, conhecida como arara-preta e arara-una (sendo “una”, negro em Tupi).
As araras vivem em pequenos grupos ou casais, nas copas das árvores das matas e cerrados, a fim de se protegerem de predadores, como grandes cobras e aves de rapina. Na natureza, emitem sons e gritos característicos, que se assemelham à palavra “arara” (motivo pelo qual os indígenas lhe deram este nome). É com esses gritos que elas se comunicam, definem territórios e, inclusive, brincam.
As araras são aves muito inteligentes e curiosas. Verdadeiras exploradoras, gostam de brincar com objetos interessantes que encontram. São também muito sociais, passam boa parte do tempo interagindo com seu parceiro e seu grupo, e, à noite, reúnem-se em bando para dormir.
Possuem patas ágeis que são usadas para levar comida à boca e um bico grande, forte e curvo que funciona como um terceiro pé. Com ele, a arara é capaz de quebrar sementes e frutos bem duros, especialmente coco de palmeiras, e escavar o tronco de árvores para comer larvas de insetos.
As araras costumam ser fiéis aos seus parceiros até a morte – elas podem viver até 70 anos de idade. Os seus ovos são colocados em buracos cavados no alto do tronco de palmeiras. É a mãe que choca o ovo, mas ambos os pais alimentam a sua cria.
Os filhotes das araras nascem indefesos, sem penas, e muito, muito feios! Nem parece que vão se transformar naquela linda arara imponente e colorida. Até estarem com as penas crescidas, os filhotes dependem dos cuidados dos pais, mas logo que aprendem a voar, saem com o bando em busca de comida.
Fontes de informações:
SICK, Helmut. Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.
Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção
Data Publicação: 25/11/2021