Fig 1. O evento de extinção que levou à eliminação dos dinossauros no Cretáceo é um dos mais conhecidos, porém, a Terra viveu outras quatro grandes extinções nos últimos 500 milhões de anos. Crédito: engin akyurt/unsplash

 

Sim, a vida na Terra já foi praticamente exterminada várias vezes…!

De tempos em tempos, ocorre o desaparecimento de algumas espécies de seres vivos. Elas podem sumir de determinados locais ou – de forma mais radical – de todo o planeta. E isto acontece com certa regularidade. Porém, ao longo da história da Terra, houve momentos em que não apenas ‘algumas’, mas a maioria das espécies sumiram. Sabe do que estamos falando? Da chamada extinção em massa!

Nos últimos 500 milhões de anos, a Terra vivenciou cinco grandes eventos que levaram à extinção de muitos organismos diferentes. Hoje em dia, sabemos um pouco mais sobre eles graças a estudos que analisaram principalmente resquícios de seres vivos em rochas e camadas de sedimentos, o chamado registro fóssil.

 

A extinção em massa mais antiga que se tem registro

O evento de extinção em massa mais antigo que o ser humano identificou até hoje ocorreu há cerca de 440 milhões de anos. A Terra vivia a era geológica chamada de Paleozoica, mais precisamente a transição entre os períodos conhecidos como Ordoviciano e Siluriano.

 

Fig 2. Escala do tempo geológico. Crédito: Fabirichter/Wikimedia Commons

 

O planeta vivia um momento de riqueza! O número de espécies, principalmente de animais marinhos, estava em crescimento. Foi nessa época que surgiram também as primeiras plantas terrestres. Mas o fim deste período foi marcado por uma extinção em massa.

Cerca de 85% de todas as espécies de seres vivos existentes naquele momento desapareceram. Foram extintos muitos invertebrados marinhos, ou seja, animais sem crânio e sem coluna vertebral. O evento é considerado a segunda maior extinção em massa da história da Terra.

 

Fig 3. Fóssil de molusco marinho do período Ordoviciano exibido no Houston Museum of Natural Science. Crédito: Wikimedia Commons/Picryl

 

O desaparecimento de tantos seres vivos parece ter ocorrido em várias fases. Para os cientistas, um dos fatores que contribuiu para esta extinção foi a queda dos níveis de gás carbônico na Terra.

Outro evento apontado pelos pesquisadores como importante foi o movimento de Gondwana. ‘Gondwa’ o quê? Calma! Sabe o globo terrestre que conhecemos hoje? Esquece, porque o mundo era outra coisa…! Há milhões de anos, os continentes estavam distribuídos de forma diferente da que vemos hoje. Os continentes que atualmente estão no hemisfério sul – além da Índia –, por exemplo, estavam agrupados em um bloco continental chamado de Gondwana.

Confira abaixo como a Terra era há cerca de 450 milhões de anos.

 

Fig 4. Distribuição dos continentes na Terra no meio do período Ordoviciano. A maior massa em verde à direita mostra a Gondwana. Crédito: NPGallery/ Wikimedia Commons (editado por Invivo)

 

No final do período Ordoviciano, Gondwana se moveu mais para a região polar sul. A mudança teria favorecido o resfriamento global, a ponto de gerar glaciações. Deu-se também queda no nível do mar.

Mas, tempos depois, o planeta parece ter voltado a esquentar e, com isso, houve um recuo de geleiras e o aumento do nível do mar.

Quanta mudança, né? Pois foram essas sucessivas alterações no clima e nos lares dos seres vivos que possivelmente ocasionaram picos de extinções.

 

Mais algumas dezenas de milhões de anos e uma nova extinção em massa…

Fig 5. Ilustração de invertebrado do Devoniano. Crédito: University of California /picryl

Ainda na era Paleozoica, o período que veio em seguida ao Siluriano foi o Devoniano. Ele também foi marcado por uma extinção em massa. Ou melhor, por uma série de eventos de extinção que culminaram na eliminação de 70 a 80% de todas as espécies existentes naquele período, entre 370 e 360 milhões de anos atrás.

Naquela época, a Terra era povoada por muitos peixes primitivos. Também surgiram os primeiros vertebrados terrestres com quatro membros e os insetos. As plantas, por sua vez, estavam cada vez mais altas.

Atualmente, ainda não se sabe o que causou o desaparecimento de tantos organismos. Mas cientistas identificaram que este período foi marcado por mudanças ambientais. Houve, por exemplo, queda do nível de oxigênio nos mares. Outros fatores também são considerados, tal como o aquecimento ou resfriamento rápido do planeta e o impacto de meteoritos ou cometas. Provavelmente, o desfecho final foi fruto de uma combinação de vários fatores.

 

Há 250 milhões de anos, a Terra vivia a pior extinção em massa da história

O último período da era Paleozoica, conhecido como Permiano, é o que registra o pior evento de extinção em massa da história da Terra. Naquele momento, mais de 95% das espécies marinhas e 70% das terrestres foram eliminadas.

Até o evento catastrófico, o planeta vivia o aumento da diversidade das plantas terrestres, a evolução de insetos e o surgimento de vários grupos importantes de répteis.

Fig 6. Fóssil de um anfíbio que viveu no período Permiano. Crédito: James St. John/flickr

 

Foi nesse período também que o planeta ganhou uma nova configuração. Durante o Permiano, as massas de terra (incluindo Gondwana) passaram a formar um único bloco continental, um supercontinente chamado Pangeia.

 

Fig 7. Posição dos continentes há 250 milhões de anos atrás. Ao centro em amarelo, o supercontinente Pangeia. Na siglas, leia-se: PA = Oceano Pantalásico; AR = Amúria; NC = Norte da China; SC = Sul da China; PT = Oceano Paleo-Tethys; NT = Oceano Neo-Tethy. Crédito: Kent G. Budge/Wikimedia Commons (Editado por Invivo)

 

É possível que a reunião desses continentes possa ter levado a mudanças climáticas. Também foi um momento de muitas erupções vulcânicas. Elas provavelmente iniciaram vários eventos catastróficos. Além da lava e da cinza, as erupções lançaram dióxido de carbono e outros gases na atmosfera.

É provável que essas mudanças tenham desencadeado outras alterações, por exemplo, aquecimento do clima e oceanos mais ácidos. E, como desfecho final, a Terra viveu a pior extinção em massa da história.

 

50 milhões de anos mais tarde e uma nova extinção em massa

Avançando na nossa jornada, chegamos a uma nova era geológica: a Mesozoica. O primeiro período deste novo tempo é chamado de Triássico.

Naquela época, se olhasse ao seu redor sabe o que veria? Muitas plantas do grupo dos pinheiros, as chamadas gimnospermas. Os répteis também dominavam a paisagem. E foi nesse período que surgiram os primeiros dinossauros e os mamíferos.

 

Fig 8. Fóssil do crânio de um réptil do período Triássico. Crédito: James St. John/flickr

 

Ao final do Triássico, os continentes agrupados na Pangeia começaram a se separar. Foi também ao final desse período, cerca de 200 milhões de anos atrás, que houve mais um evento de extinção em massa. Dessa vez, estima-se que 76% de todas as espécies marinhas e terrestres desapareceram da Terra.

As causas dessa extinção ainda não foram totalmente esclarecidas. No entanto, cientistas consideram que o início da separação do supercontinente Pangeia pode ter liberado grandes quantidades de dióxido de carbono. Mais uma vez, o aumento deste gás teria elevado o termômetro e deixado os oceanos mais ácidos. Também houve intensa erupção de vulcões.

Mas, se por um lado, as mudanças climáticas levaram à extinção de muitas espécies, elas permitiram que outras se destacassem. Isto aconteceu também nos outros períodos geológicos em que houve extinções em massa. Aqui, no Triássico, um dos grupos que mais se desenvolveu após os eventos catastróficos do período foi o dos dinossauros.

 

O evento mais famoso: a extinção que eliminou os dinossauros

O último período da era Mesozoica, conhecido como Cretáceo, foi marcado pelo surgimento das plantas com flores (angiospermas). Esse grupo também se tornou muito diverso no período. Havia ainda novos mamíferos e aves, dinossauros e répteis marinhos.

As massas continentais começaram a migrar para as posições atuais. Foi no Cretáceo que o globo começou a ficar mais parecido com a configuração que conhecemos hoje em dia!

Mas, ao final do período, há cerca de 65 milhões de anos atrás, a Terra passou por mais um evento de extinção em massa. Cerca de 80% de todas as espécies de animais foram eliminadas do planeta. Isto ocorreu com a maioria dos dinossauros (exceto as aves), com muitas espécies de animais marinhos vertebrados e invertebrados e muitas plantas.

 

Fig 9. Fóssil de dinossauro do ROM – Royal Ontario Museum, Toronto. Crédito: Thomas Quine/Wikimedia Commons

 

Embora cientistas tenham levantado diferentes hipóteses para explicar esse evento, uma delas tem ganhado mais destaque: a ‘teoria do asteroide’. Segundo essa ideia, um asteroide ou cometa teria colidido com a Terra.

O evento teria gerado uma nuvem gigante de poeira que, ao se espalhar pela atmosfera, teria bloqueado a luz do Sol. Como consequência, teriam ocorrido mudanças no clima.

Entre as evidências que apoiam essa hipótese, estão uma cratera enorme, descoberta no México, e que data de 65 milhões de anos atrás. Também foram encontrados depósitos de um elemento raro na Terra, o irídio, que é comum em meteoritos.

E, com isso, completamos os cinco eventos de extinção em massa. Mas será que acabou? Alguns cientistas dizem que não.

 

Estamos caminhando para a sexta extinção em massa?

As ações humanas têm levado à extinção de muitas espécies. Segundo cientistas, a taxa de extinção já é de cem a mil vezes maior do que a observada antes dos seres humanos surgirem na Terra.

Embora as perdas ainda sejam inferiores às observadas nos cinco eventos de extinção em massa que vimos acima, elas são alarmantes. E fazem muitos pesquisadores considerarem que, se nada for feito, o ser humano pode causar uma nova extinção em massa futuramente.

 

Fontes consultadas:

Reece J et al. Biologia de Campbell. Porto Alegre: Artmed, 2015. 10 ed.

O sobe e desce da vida: fazendo um mapa das Extinções em Massa.Laboratório de Biodiversidade e Evolução Molecular – UFMG. Disponível em: http://labs.icb.ufmg.br/lbem/aulas/grad/evol/especies/massext.html Acesso: 20 set. 2022.

Holland, S M. Ordovician Period. Encyclopedia Britannica. Disponível em: https://www.britannica.com/science/Ordovician-Period. Acesso: 20 set. 2022.

Holland, SM. Ordovician-Silurian extinction. Encyclopedia Britannica. Disponível em: https://www.britannica.com/science/Ordovician-Silurian-extinction. Acesso: 20 set. 2022.

Late Ordovician mass extinction. Wikipedia. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Late_Ordovician_mass_extinction. Acesso: 21 set. 2022

House, MR. Devonian extinctions. Encyclopedia Britannica. Disponível em: https://www.britannica.com/science/Devonian-extinctions. Acesso: 20 set. 2022.

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Permian extinction. Encyclopedia Britannica. Disponível em: https://www.britannica.com/science/Permian-extinction. Acesso: 20 set. 2022.

Ross, CA. Permian Period. Encyclopedia Britannica. Disponível em: https://www.britannica.com/science/Permian-Period. Acesso: 20 set. 2022

end-Triassic extinction. Encyclopedia Britannica. Disponível em: https://www.britannica.com/science/end-Triassic-extinction. Acesso: 20 set. 2022

K–T extinction. Encyclopedia Britannica. Disponível em: https://www.britannica.com/science/K-T-extinction. Acesso: 20 set. 2022

 

Por Teresa Santos

Data Publicação: 23/09/2022