Conheça um pouco mais sobre a febre oropouche, doença que tem se espalhado pelo Brasil
A febre oropouche não é uma doença nova. Ela existe na região amazônica desde a década de 1960, causando surtos e casos isolados em estados na Região Norte e países da América Central e do Sul. Porém, em 2024, a doença ganhou as manchetes em diversas notícias no país por causa do aumento do número de casos. Por que isso aconteceu? O que pode ser feito para prevenir esta doença? Veja a seguir algumas perguntas e respostas sobre o assunto.
O que é a febre oropouche?
É uma doença causada pelo vírus Oropouche (OROV). O nome vem do Rio Oropouche, em Trinidad e Tobago, onde o vírus foi detectado pela primeira vez, em 1955.
Como a febre oropouche é transmitida?
O vírus Oropouche é transmito principalmente pela picada de um pequeno inseto conhecido como maruim, meruim ou mosquito-pólvora (Culicoides paraensis). Há pesquisas que mostram que o pernilongo comum, conhecido por muriçoca (Culex quinquefasciatus), também pode transmitir a doença, mas isso é bem menos frequente. O mosquito transmissor da dengue (Aedes aegypti) não transmite a febre oropouche.
Em áreas silvestres, o vírus Oropouche infecta bichos-preguiça, roedores e macacos. Os insetos adquirem o vírus ao picar um animal contaminado e o transmitem para outros animais ou pessoas que entram na floresta. Nas áreas urbanas, o principal hospedeiro é o ser humano.
Quando a fêmea do maruim pica um animal ou uma pessoa contaminada, o vírus fica alojado em seu corpo por alguns dias. Ao picar uma pessoa saudável, o vírus é transmitido para ela. Ou seja, a doença não passa diretamente de uma pessoa para outra. Porém, em julho de 2024, o Brasil detectou possíveis casos em que o vírus foi transmitido da mãe para o feto durante a gravidez.
Quais são os sintomas da febre oropouche?
A febre oropouche causa sintomas parecidos com o de outras doenças virais, como a dengue. Por isso, o diagnóstico inclui também exames de laboratório e informações sobre a quantidade de casos na vizinhança. A Fiocruz Amazônia desenvolveu o teste atualmente usado para detecção do vírus.
Os sintomas começam a aparecer entre 4 e 8 dias depois da picada da fêmea do maruim contaminada. Os mais comuns são:
– Febre
– Dor de cabeça
– Rigidez nas articulações
– Dor no corpo
Pessoas com febre oropouche também podem sentir sensibilidade à luz (fotofobia) e apresentar visão dupla (diplopia), náuseas e vômitos. Em casos raros, quando a doença se agrava, pode causar um tipo de meningite. Isso acontece geralmente quando o doente já tem a imunidade comprometida.
Geralmente, os sintomas duram entre 3 e 6 dias. Em parte dos casos, a pessoa se sente melhor e, após alguns dias, os sintomas reaparecem. Mesmo assim, até 25 de julho de 2024, não havia registros de morte pela doença. Nesta data, o Brasil comunicou a morte de duas pessoas.
Como é o tratamento para a febre oropouche?
Até o momento, não há remédios ou vacinas específicos para o vírus Oropouche. O tratamento é feito com repouso, ingestão de líquidos e medicamentos para reduzir a dor e a febre.
Por que o número de casos aumentou em 2024?
A febre Oropouche circula na região amazônica há décadas. Em 2023, foram identificados casos em quatro estados da Região Norte. Em meados de 2024, a doença já havia chegado a 21 estados. Além disso, o número de casos registrados aumentou bastante: foram 7 mil até 28 de julho contra menos de 850 no ano inteiro de 2023. Dentre as doenças causadas por vírus e transmitidas por artrópodes (como insetos e carrapatos), é a segunda com mais casos, ficando atrás apenas da dengue.
Mas por que isso aconteceu? Os pesquisadores têm duas respostas possíveis. A primeira é que o vírus OROV esteja se espalhando pelo país. O deslocamento de pessoas e as alterações do clima (como aumento da temperatura e mudança no regime de chuvas) contribuem para isso.
A segunda resposta tem a ver com o monitoramento da doença. A Fiocruz Amazônia desenvolveu um protocolo de diagnóstico que foi adotado pelo Ministério da Saúde em Laboratórios Centrais de Saúde Pública de todos os estados do país. O método também foi usado pela OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde) em outros países da América Latina. Em outras palavras, mais pessoas fizeram o teste de laboratório para febre oropouche.
Como prevenir a febre oropouche?
Algumas atitudes ajudam a evitar picadas de maruins.
As fêmeas colocam seus ovos em locais úmidos com muita matéria orgânica em decomposição, como restos de plantas e fezes de animais. Recolher folhas e frutos que caem no solo e limpar quintais e terrenos é uma maneira de combater o mosquito que transmite a doença.
Por seu pequeno tamanho (cerca de 1,5 mm), os maruins podem passar através das redes comuns para mosquitos. Por isso, é preciso usar rede de malha fina para cobrir portas, janelas ou camas. Outras medidas de prevenção são usar roupas que cubram pernas e braços e sapatos fechados.
Além das medidas de prevenção individuais, a OPAS recomenda que os países afetados reforcem a vigilância epidemiológica e tomem medidas para o controle dos vetores, isto é, dos insetos que transmitem a doença.
Saiba mais:
Verdades e mentiras sobre a dengue
Fontes consultadas:
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Todos os sites acessados em 2 ago 2024.
Por Tereza Costa
Data Publicação: 19/08/2024