Por: Maria Ramos
Muitos brasileiros ficam ansiosos pela chegada do verão. É uma ótima oportunidade para curtir a praia, a piscina e, quem sabe, até viajar para as regiões litorâneas. Em férias escolares, algumas crianças e adolescentes aproveitam os meses de calor intenso em casas de praia, de familiares ou amigos. Mas para desfrutar de tudo que o verão tem de bom, é preciso tomar alguns cuidados especiais com a saúde.
Algumas doenças tornam-se mais comuns nos períodos mais quentes e úmidos do ano. Um bom exemplo são as micoses, que ocorrem com mais frequência no verão, em decorrência de calor e umidade, suor intenso, uso de óleos de bronzear, roupas molhadas e outros fatores que facilitam a proliferação de fungos e a disseminação de doenças.
As micoses são classificadas como:
• superficiais, localizadas na camada externa da pele, não costumam trazer maiores problemas para a saúde, sendo fáceis de tratar; e
• profundas, estas mais graves e de tratamento difícil, porque os fungos se disseminam pela corrente sanguínea e linfática, podendo chegar a atingir órgãos internos, como pulmões e intestinos, ou ossos e sistema nervoso.
Entre as micoses superficiais, a micose de praia, ou pitiríase versicolor como é chamada pelos médicos, é a mais comum. Conhecida popularmente também como pano branco, ela não é, ao contrário do que se pensa, adquirida propriamente na praia ou na piscina. Franciscone do Valle, dermatologista do IPEC/Fiocruz explica que o fungo causador da micose (Malassezia furfur) habita a pele de todas as pessoas, mas somente aquelas que já tem uma predisposição genética, quando submetidas a determinadas condições, desenvolvem a doença.
– O que leva a micose a ser conhecida como de praia – explica o pesquisador – é porque a oleosidade natural da pele, nestes locais, normalmente aumenta muito, devido ao calor e à umidade, bem como o uso de produtos oleosos, deixando condições bastante favoráveis ao surgimento da pitiríase versicolor.
Marcelle Mouchalouat, também dermatologista do IPEC/Fiocruz, acrescenta ainda que o fungo da micose causa danos às células de pigmentação da pele. Então, a região afetada não se bronzeia, formando manchas normalmente claras. “Por isso, a pessoa acaba constatando que tem a micose depois da ida à praia ou à piscina, mas isso não quer dizer que ela pegou o fungo nestes locais”, esclarece.
E se você já teve micose de praia alguma vez, é bom tomar algumas precauções. Apesar de o tratamento para a micose de praia ser rápido, ele apenas torna o fungo inativo e, por isso, tem boas chances de voltar a se desenvolver. Sendo assim, o melhor é evitar o uso de bronzeadores e protetores solar à base de óleo, e cremes de cabelo, em excesso, que escorrem pelo corpo.
A pitiríase versicolor também não é a única micose vilã do verão. Franciscone do Valle alerta que existem outras micoses bem mais contagiosas e essas, sim, mais facilmente adquiridas nos banhos de praia e de piscina. São as chamadas tineas ou dermatofitoses, que podem dar em várias partes do corpo, como virilha, mãos, unhas e pés.
Sungas molhadas, por exemplo, explica o dermatologista, facilitam a aquisição da tinea cruris, localizada entre as coxas, na forma de manchas avermelhadas, provocando coceira. Mais comum nos homens, esta micose, se não tratada, pode se alastrar pela região genital.
Nos clubes, alerta, é bom evitar o contato com a água parada que fica na entrada de piscinas e chuveiros, porque também favorecem o risco de contaminação, principalmente das unhas e dos pés. Uma dermatofitose bastante conhecida é a frieira ou pé-de-atleta, que normalmente aparece entre os dedos em forma de rachaduras, ou ainda, na planta dos pés, como pequenas bolhas que descamam, pele esbranquiçada e mole, e coceira, muita coceira.
Já as micoses de unha, chamadas de onicomicoses podem se manifestar de diversas formas, como unhas quebradiças, ou mais espessas, duras e grossas. Estas são difíceis de tratar por causa do tratamento demorado. Uma forma de contágio comum da micose de unha é o uso de alicates e outros materiais de manicure contaminados.
A tinea de couro cabeludo é outra micose, muito frequente em crianças em idade escolar. Apresenta-se como uma placa de cabelos picotados, com descamação no centro ou com reação inflamatória. Quando apresenta muito inchaço ou pus, forma o quadro denominado de Kerion celsii, podendo até deixar cicatriz. Então, vê se não sai por aí pegando emprestado pente e boné dos outros, einh?
Quer algumas dicas para evitar as micoses? Veja:
• Evite usar produtos que aumentem muito a oleosidade da pele;
• Evite andar descalço, principalmente em pisos úmidos ou públicos, como lava-pés, vestiários e saunas;
• Não use objetos pessoais (roupas, calçados, pentes, toalhas, bonés) de outras pessoas;
• Seque-se sempre muito bem após o banho, principalmente as dobras de pele, como axilas, virilha e dedos dos pés;
• Evite ficar com roupas de banho molhadas por muito tempo;
• Prefira meias e roupas íntimas de algodão, pois as fibras sintéticas retêm o suor;
• Quando for a manicure ou pedicure, leve seu próprio alicate, lixa e tesoura. Caso não os tenha, verifique se estão todos esterilizados;
• Evite usar o mesmo sapato dois dias seguidos e, de maneira alguma, use a mesma meia antes de lavá-la.
Data Publicação: 02/12/2021