Conheça letras de cinco músicas de bandas do rock nacional que falam sobre temas como saúde, física e astronomia
Sabia que rock tem tudo a ver com ciência? Sim! O estilo musical que surgiu nos Estados Unidos na década de 1950 tem como elemento característico a guitarra elétrica. Isso, por si só, já diz muito dessa relação, afinal a presença de eletricidade, que é um ramo da física, é fundamental para a produção desse som vibrante. Mas, além disso, muitas letras de música trazem temas de ciência e tecnologia. E isso acontece também nas canções desse estilo musical produzidas no Brasil. Descubra como o mundo do rock e da ciência se cruzam em cinco exemplos de composições de roqueiros brasileiros!
Os Paralamas do Sucesso – Tendo a Lua
A astronomia, isto é, a ciência que estuda corpos celestes e fenômenos do Universo, é um tema frequente nas letras de rock tanto nacionais quanto internacionais. E nosso primeiro exemplo é justamente desse campo científico: ‘Tendo a Lua’, d’Os Paralamas do Sucesso.
‘Tendo a Lua’ foi lançada pela primeira vez em 1991, no álbum ‘Os Grãos’. A composição de Herbert Vianna e Tetê Tillet traz a Lua, o único satélite natural da Terra, como tema central. Cita ainda o cientista italiano Galileu Galilei (1564-1642), um dos pioneiros no estudo da astronomia.
Outro tema presente na letra é a gravidade, uma força de atração que surge entre dois corpos. E a composição vai além, ao mencionar como a gravidade pode fazer o ser humano “flutuar” na Lua. O fenômeno ocorre porque a Terra tem mais massa do que o seu satélite e, portanto, uma gravidade maior do que a Lua. Assim, a força vertical e para baixo que nos mantém unidos ao chão é maior na Terra do que na Lua.
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Titãs – O Pulso
Saúde, ou melhor, a ausência dela é o foco da música ‘O pulso’, dos Titãs. A canção foi lançada no álbum ‘Õ Blésq Blom’, de 1989.
A composição de Tony Bellotto, Arnaldo Antunes e Marcelo Fromer lista várias doenças, incluindo enfermidades transmissíveis que assolaram o mundo tempos atrás, tal como a peste bubônica, causada pela bactéria Yersinia pestis, encontrada em pulgas de ratos. A doença matou cerca de ¼ da população europeia no século 14. E também causou outros surtos ao longo do tempo.
Atualmente, apesar de ainda ocorrer no mundo, os casos são pontuais e não são tão mortais quanto antes.
‘O pulso’ trata também de doenças infecciosas que são, ainda hoje, um problema de saúde pública, como a tuberculose, a coqueluche, o sarampo e a sífilis.
Há também citação de doenças crônicas, isto é, que se desenvolvem de forma lenta e que têm longa duração, como câncer, asma e esquizofrenia.
E até menção a outros elementos que impactam a nossa qualidade de vida. Afinal, rancor, ciúme e culpa, embora não sejam doenças, também podem causar um prejuízo e tanto no nosso bem-estar!
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Capital Inicial – Eletricidade
Vimos que a eletricidade está por trás da produção do som do rock, mas ela também é inspiração para muitas letras. Em 1991, o Capital Inicial lançou um álbum intitulado ‘Eletricidade’, e uma das faixas continha uma letra com o mesmo nome.
A canção composta por Alvin L., Bozzo Barretti e Dinho trata da energia gerada por cargas elétricas. Cargas elétricas são propriedades de partículas que compõem o átomo, principalmente, os prótons, que têm carga positiva, e os elétrons, que têm carga negativa.
Elementos que possuem cargas iguais se repelem, enquanto os que têm carga diferente sofrem atração. E essa questão da atração dos polos opostos é lembrada na canção do Capital Inicial.
Outros elementos da Física que chamam atenção na letra são o uso da unidade que quantifica a energia transferida em um determinado tempo (Watt) e referências relacionadas à passagem de corrente elétrica por um circuito (tensão, sobrecarga). É ou não é uma aula de física?!
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Chico Science e Nação Zumbi – Manguetown
Além da física, outros campos científicos também são destaque na música. E a biologia é um deles. Em 1996, Chico Science e Nação Zumbi lançaram o álbum ‘Afrociberdelia’, com a canção ‘Manguetown’. A composição retrata uma prática comum nos manguezais: catar caranguejo. E nos permite um mergulho em um ecossistema rico em fauna e vegetação.
Os manguezais ocorrem em áreas litorâneas e representam uma transição entre o ambiente terrestre e o marinho. O resultado é o solo lamacento, destacado na música de Chico Science e Nação Zumbi.
Por lá, encontramos mais um detalhe inusitado: a mistura de água doce vinda de rios e de água salgada de origem marinha. Tudo isso cria um cenário diverso, com caranguejos e outros crustáceos, peixes, moluscos e vários microrganismos.
Aliás, os microrganismos, mais especificamente, as bactérias estão por trás do cheiro característico desse ambiente, pois obtêm energia decompondo a matéria orgânica e, neste processo, liberam gás enxofre. Além de ser um processo importante para as próprias bactérias, é fundamental para a vida na Terra, pois permite a transferência contínua de nutrientes entre o solo e as plantas e vice-versa.
Ou seja, além de ter um papel biológico importante, os manguezais também são uma fonte importante de renda e de alimento para as pessoas que vivem perto desses locais. E na música ‘Manguetown’ a união do campo biológico e social também é evidenciada a partir da crítica social à pobreza e à miséria.
Saiba mais sobre os manguezais:
Pitty – Admirável Chip Novo
Para fechar a nossa seleção especial de letras de rock nacional, trazemos a canção ‘Admirável Chip Novo’, da Pitty. A música foi lançada em 2003, no álbum de mesmo nome. A letra é inspirada no livro ‘Admirável Mundo Novo’, do escritor inglês Aldous Huxley (1894-1963).
A obra de Huxley conta a história de uma sociedade do futuro que vive sob um regime autoritário. As pessoas são ‘programadas’ e condicionadas a viverem de acordo com normas estabelecidas pelos governantes.
Tal como no livro, a letra da Pitty traz elementos tecnológicos como chips, sistemas computacionais e robôs. Aborda, portanto, a aplicação prática do conhecimento científico. E, ao mesmo tempo, ao comparar o ser humano com robôs, traz uma crítica à alienação social, isto é, à diminuição da capacidade de pensar e agir por conta própria.
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Fontes consultadas:
Tancredi, Silvia. “Rock”; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/artes/rock.htm#:~:text=O%20rock%20%C3%A9%20um%20g%C3%AAnero,el%C3%A9trica%20como%20sua%20marca%20registrada. Acesso: 24 jun 2024
Wikipédia. Rock. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Rock. Acesso: 24 jn 2024
Barata, Germana. Rock para balançar o ensino da física e da astronomia. Cienc. Cult. São Paulo, v. 68, n. 3, p. 61-63, Sept. 2016. Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252016000300019&lng=en&nrm=iso. Acesso: 24 jun 2024.
BBC. O que é a peste bubônica e por que a doença não é mais tão mortal apesar de novos surtos. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-53760408. Publicação: 13 ago 2020. Acesso: 24 jun 2024
Por Teresa Santos
Data Publicação: 12/07/2024
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