Fig 1. Biodiversidade ao mesmo tempo habita e compõe florestas, campos, manguezais e outros ambientes naturais que constituem os biomas brasileiros. Crédito: andreswd/iStock

 

Veja por que conservar a natureza e preservar as áreas naturais é essencial para a nossa sobrevivência

 

O Brasil é um dos países com maior biodiversidade do planeta. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país abriga cerca de 1,8 milhão de espécies de seres vivos. Porém, desde o início da colonização do país, parte dessa riqueza vem sendo perdida. E não é pouca coisa! O Mapeamento anual de cobertura e uso da terra no Brasil de 1985 a 2023, produzido pela organização MapBiomas, revela que o país perdeu 110 milhões de hectares de vegetação natural neste período. Mas por que essa notícia é tão ruim? E por que será que a gente precisa conservar a natureza?

 

Áreas naturais perdem espaço para os chamados ‘ambientes antrópicos’

O levantamento da MapBiomas mostra que, em 1985, as áreas naturais cobriam 80% do país, mas hoje representam apenas 67%.

Mais da metade dessa perda aconteceu na Floresta Amazônica, que é um dos seis biomas brasileiros reconhecidos pelo IBGE. Além deste, existem ainda Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pampa e Pantanal. Eles são chamados de biomas porque são grandes áreas com características – como clima e vegetação – mais ou menos uniformes.

Em geral, a cobertura natural desses biomas tem sido destruída e transformada em ambientes criados por seres humanos (ambientes antrópicos), como cidades, lavouras, pastagens e estradas.

Os mapas a seguir revelam a distribuição atual de áreas remanescentes dos biomas no Brasil, o que indica a necessidade cada vez maior de conservar a natureza.

 

MAPA A

 

MAPA B

Fig 2. O Mapa A indica as regiões com vegetação natural (em verde) em 2023. Áreas antrópicas são representadas em amarelo. O Mapa B revela (em roxo) como a destruição de áreas naturais avançou nos últimos 39 anos. Crédito: MapBiomas.

 

Por que conservar áreas naturais?

Todos os seres vivos, incluindo as pessoas, precisam de água, alimentos e outros recursos do ambiente para sobreviver. Os ambientes naturais renovam esses recursos constantemente. Durante sua vida, animais, plantas, fungos, algas, bactérias e outros microrganismos mantêm o “funcionamento da natureza”. Plantas e outros seres vivos produzem gás oxigênio, conservam o solo, regulam o clima e o ciclo das chuvas, por exemplo. Muitos autores comparam esses processos a “serviços” essenciais dos quais dependemos para sobreviver.

 

Fig 3. A manutenção do ciclo das chuvas é um dos inúmeros “serviços” realizados pelos ambientes naturais. Crédito: arvoreagua.org

 

A destruição dos ambientes naturais interrompe os “serviços” ambientais, causando consequências que se estendem por grandes regiões do país e do mundo. Os impactos sobre o clima incluem secas severas, períodos de chuvas intensas, alagamentos e alterações na temperatura média. Muitas vezes, esses impactos são mais intensos em países e comunidades pobres, com menor condição de lidar com catástrofes.

 

Fig 4. Mapa do Brasil indicando a nuvem da fumaça (em vermelho e amarelo) que se espalhou pelo país em agosto e setembro de 2024 em decorrência de incêndios região amazônica. Dados de 07/09/2024. Crédito: The Copernicus Atmosphere Monitoring Service (CAMS).

 

A destruição dos ambientes naturais ameaça também as populações tradicionais que vivem nessas áreas. A construção de grandes obras de infraestrutura, a expansão de áreas agrícolas e de mineração afetam diretamente a subsistência dessas populações. Além disso, muitas comunidades lutam pelo reconhecimento do direito ao seu território. Como resultado, dezenas de línguas podem desaparecer, levando consigo conhecimentos sobre a biodiversidade e um patrimônio cultural incalculável. Ou seja, conservar a natureza é fundamental para que a vida na Terra possa continuar existindo.

 

Fontes consultadas:

Cabral, Uberlândia. Agência IBGE de notícias. IBGE define bioma predominante em cada município brasileiro para fins estatísticos. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/40519-ibge-define-bioma-predominante-em-cada-municipio-brasileiro-para-fins-estatisticos. Atualização: 28 jun 2024. Acesso em: 9 set 2024.

Belandi, Caio. Agência IBGE de notícias. População estimada do país chega a 212,6 milhões de habitantes em 2024. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/41111-populacao-estimada-do-pais-chega-a-212-6-milhoes-de-habitantes-em-2024. Atualização: 29 ago 2024. Acesso em: 9 set 2024.

Árvore Água. Como a floresta faz chover. Disponível em: https://arvoreagua.org/ciclo-hidrologico/como-a-floresta-faz-chover. Acesso em: 9 set. 2024.

Copernicus Atmosphere Monitoring Service (CAMS), The. Atmosphere Data Store. Disponível em: https://atmosphere.copernicus.eu/charts/packages/cams/products/aerosol-forecasts?base_time=202409090000&layer_name=composition_bbaod550&projection=classical_south_america&valid_time=202409090300. Acesso em: 9 set 2024.

Projeto MapBiomas. Mapeamento Anual de Cobertura e Uso da Terra no Brasil de 1985 a 2023 – Coleção 9. Disponível em: https://brasil.mapbiomas.org/wp-content/uploads/sites/4/2024/08/Fact_Colecao-9_21.08-OK.pdf. Acesso em: 9 set 2024.

Embrapa. Serviços ambientais. Disponível em: https://www.embrapa.br/tema-servicos-ambientais/sobre-o-tema. Acesso em: 9 set 2024.

 

Por Tereza Costa, adaptado para InVivo.

Data Publicação: 19/09/2024