Por: Denise Moraes

Mapa: Uol Educação

Mapa: Uol Educação

O cerrado constitui o segundo maior bioma do país. Ele ocupa cerca de dois milhões de km2, abrangendo os estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, o Distrito Federal e partes de São Paulo, Minas Gerais, Maranhão, Piauí e Bahia. Isso representa cerca de 25% do território nacional.

É a savana brasileira. Possui solo pobre em nutrientes e vegetação normalmente baixa, com plantas esparsas de aparência seca. Duas estações bem marcadas caracterizam o cerrado: inverno seco e verão chuvoso. Neste ambiente vivem muitas espécies da fauna, inclusive bichos ameaçados de extinção. E o bioma ainda guarda outras surpresas: bacias hidrográficas e chapadões, relevo característico da região central do Brasil.

Fauna

Tamaduá-bandeira. Foto: Malene Thyssen. Wikipedia

Myresluger (Myrmecophaga tridactyla) fra Københavns Zoo

De acordo com dados do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), na região do cerrado podem ser encontradas 67 espécies de mamíferos, 837 de aves, 120 de répteis e 150 de anfíbios. Para termos uma ideia dos mamíferos que por lá vivem, podemos citar o macaco-prego, o sagui, o rato do mato, a anta, a capivara, o veado campeiro e a onça-pintada. Falando dos mamíferos ameaçados de extinção, podemos citar o tamanduá-bandeira, o tatu-canastra e o lobo-guará.

Voando pelo céu do cerrado estão papagaios, urubus, gaviões e sabiás. São moradoras de lá também siriemas, gralhas e codornas.

Entre os répteis característicos deste bioma estão a jararaca, a cascavel, a sucuri e também cágados, jabutis e lagartos.

E não podemos esquecer de outros importantes habitantes deste grande ecossistema: os cupins, as formigas, as abelhas e os gafanhotos. Cupins, por exemplo, são garantia de alimento para tamanduás e tatus. As abelhas, por sua vez, exercem um papel fundamental na polinização das flores.

Lobo guará. Foto: Wikipedia

Lobo guará. Foto: Wikipedia

Vegetação

São cerca de doze mil espécies vegetais. Como dissemos no início do texto, a vegetação apresenta algumas características gerais: ela é normalmente baixa, com plantas esparsas e aparência seca. Entretanto, como se trata de uma área muito grande, que conta, por exemplo, com variações de relevo, podemos definir alguns tipos diferentes de vegetação que fazem parte deste mesmo bioma. Dentro do que se chama cerrado brasileiro podem ser encontrados cerradões, campos limpos, campos sujos, campos cerrados, cerrados no sentido amplo, cerrados no sentido restrito, matas secas e matas de galeria ou ciliares.

Campos limpos. Foto: L. M. Coutinho.

Campos limpos. Foto: L. M. Coutinho.

O cerradão é um tipo mais denso de vegetação, no qual podem ser encontradas árvores mais altas, com até quinze metros de altura. Campos limpos são as áreas sem mata, cobertas de gramíneas. São terrenos planos, vales e colinas. Nos campos sujos predominam arbustos espaçados. As árvores aparecem ainda mais distantes uma das outras nos campos cerrados, onde, assim como nos campos limpos, predominam as gramíneas. Os campos cerrados constituem um dos ambientes mais prejudicados por queimadas no Cerrado.

A divisão entre campos de sentido amplo e campos de sentido restrito parece curiosa não é? Com certeza chamou sua atenção porque esses nomes não parecem ter muito a ver com classificação de vegetais… Mas eles não poderiam ser mais adequados: os campos de sentido amplo são aqueles que apresentam reunidas todas as formações vegetais do Cerrado; já os campos de sentido restrito caracterizam-se por um único tipo de vegetação, que se reduz a árvores baixas, retorcidas e inclinadas.

Nas matas secas, estão concentradas árvores que perdem suas folhas nos períodos mais secos. Isso não acontece nas matas de galeria ou ciliares, que aparecem próximas a córregos e riachos. Nas matas de galeria, a vegetação permanece verde por todo o ano.

Lembra da aparência seca das plantas? Pois é, as árvores e os arbustos têm que driblar o período mais seco no cerrado. E como fazem isso? Bem, a maior parte destas plantas de troncos e galhos retorcidos possuem mecanismos de adaptação a este ambiente árido. É comum, por exemplo, árvores com raízes profundas, as quais permitem atingir mais facilmente o lençol freático, reservatório subterrâneo de água. Além disso, muitas espécies vegetais apresentam caules de cascas mais grossas e folhas espessas, o que evita a perda de água.

Ipê. Foto: Leonardo "Leguas" Carvalho. Wikipedia

Ipê. Foto: Leonardo “Leguas” Carvalho. Wikipedia

São árvores características da região a sucupira, a copaíba, a peroba-do-campo e o ipê-do-cerrado.

Solo

O solo do Cerrado é pobre em nutrientes, mas rico em ferro e alumínio. Ele é profundo, de cor vermelha amarelada, arenoso, permeável e com baixa fertilidade natural. A superfície tem pouca capacidade de absorver água. Entretanto, por baixo deste solo de antiga formação, está uma grande reserva de água.

Relevo

No Cerrado são comuns duas formações de relevo: os terrenos planos e as chapadas, planaltos que se caracterizam pela presença de esplanadas nos seus topos. Apenas cerca de 10% das áreas de cerrado possuem mais de 900 metros de altura.  Fazem parte desse grupo alguns pontos da Serra do Espinhaço, como o Pico do Itacolomi, com 1.797 metros de altitude, e da Serra da Caraça, como o Pico do Sol, com 2.070 metros. Em termos de altura, também se destacam alguns planaltos da Chapada dos Veadeiros, que chegam a atingir 1.700 metros.

Água

Muitos rios nascidos em outras regiões cortam o Cerrado. Alguns rios nascem mesmo na região. Esses rios estão agrupados em três bacias hidrográficas localizadas na área do bioma: a do rio Tocantins, a do rio São Francisco e a do rio da Prata.

No entanto, a existência de rios não garante um ambiente onde a água seja um recurso visivelmente abundante.  Passeando pelo Cerrado e observando a paisagem, você não vai se deparar com grandes quantidades de água na superfície. Para achar a grande reserva hídrica, é necessário ir fundo, em camadas mais profundas do solo. Como você já viu, é lá que está o grande reservatório de água deste bioma – os lençois freáticos. Deles as plantas retiram a água necessária em períodos de seca. Além disso, a construção de poços permite o uso desta água na irrigação.

Clima

O clima é chamado tropical sazonal. É quente e quase não venta no cerrado. A temperatura média anual varia entre 21ºC e 27ºC. Relembrando, a região apresenta uma divisão bem definida em relação ao clima e ao regime de chuvas. Entre maio e setembro o Cerrado permanece seco; de outubro a abril chove bastante.

No período seco, em alguns locais, a vegetação pega fogo espontaneamente. Esta queimada “natural” das plantas é algo que acontece de forma regular e que passou a condicionar a vida da flora. Existem algumas espécies de vegetais, por exemplo, que só florescem após o período de queimadas. Nós poderíamos pensar: mas se queima tudo, como elas sobrevivem para florescer depois? Bom, isso acontece por conta das raízes profundas e caules subterrâneos das árvores, que garantem sua sobrevivência mesmo com a superfície do solo em cinzas.

Cerrado. Pirenópolis, GO. Wikipedia

Cerrado. Pirenópolis, GO. Wikipedia

Fontes de informação:

LINHARES, Sérgio & GEWANDSZNAJDER, Fernando. Biologia Hoje – Vol 3. São Paulo: ed. Ática, 1998.

Consultoria: Vânia Rocha, bióloga / Museu da Vida (Fiocruz).

Conheça os outros biomas brasileiros:

Amazônia
Caatinga
Mata Atlântica
Pantanal
Campos Sulinos
Costeiro

Data Publicação: 25/11/2021