Por: Maria Ramos

Mico-leão-dourado. Foto: Jeron Kransen/Flickr

Mico-leão-dourado. Foto: Jeron Kransen/Flickr

De todos os animais brasileiros ameaçados de extinção, ele é o que mais chama a atenção internacional. É o símbolo da conservação do meio ambiente no país. Outra dica: a sua juba é de leão, mas o tamanho de esquilo. Já sabe quem é?

O mico-leão é um animal encontrado somente no Brasil, em regiões de Mata Atlântica. Faz parte do grupo dos primatas, o mesmo dos macacos. Mas é bem menor que seus primos – o adulto mede cerca de 60 cm da cabeça até a ponta da cauda, pesando entre 360 e 710 gramas, enquanto o filhote geralmente pesa em torno de 60 gramas.

Os micos-leões têm o pelo dourado ou preto. Possuem garras que são usadas para cavar e procurar raízes e insetos, mas eles também comem frutas, gomas de árvores, ovos e pequenos animais, como pássaros e lagartos. Na natureza, vivem, em média, de oito a quinze anos. Em cativeiro, no entanto, podem chegar a 30 anos de idade!

Como animais territorialistas, os micos-leões andam em grupos de quatro a seis indivíduos, que escolhem uma parte da floresta para viver e defendem essa área da invasão de outros grupos. Ao cair da tarde, gostam de se refugiar em ocos de árvores ou em emaranhados de cipós e bromélias – hora de dormir!

Com aproximadamente dois anos, os micos-leões estão prontos para se reproduzir. Eles então escolhem um parceiro e permanecem fiéis a ele, o que é chamado de monogamia. Não há diferenças de cor ou tamanho entre o macho e a fêmea.

Mico-leão-da-cara-dourada. Foto: Hans Hillewaert/Wikimedia

Mico-leão-da-cara-dourada. Foto: Hans Hillewaert/Wikimedia

A época de reprodução ocorre uma ou duas vezes por ano: o primeiro período vai de setembro a novembro e o segundo de janeiro a março. A gravidez da fêmea dura pouco mais de quatro meses, e a cada gestação nascem de um a três filhotes. O recém-nascido é cuidado tanto pela mãe quanto pelo pai.

Para se proteger dos seus predadores, os micos-leões se comunicam uns com os outros emitindo sons específicos, que indicam a presença de onças, cobras, gaviões e outras aves de rapina (caçadoras). Mas a maior ameaça à sobrevivência deles tem sido, mesmo, o bicho-homem. 

Ameaçados de extinção

Porque o homem deseja possuir tudo o que ele considera belo e diferente, os micos-leões foram capturados durante séculos e ainda hoje são alvo de caçadores e comerciantes ilegais. No passado, foram populares animais de estimação no Brasil e nas cortes europeias.

Mas o que quase levou os micos-leões à extinção foram realmente os desmatamentos, que praticamente destruíram a Mata Atlântica, único habitat desses animais. Antes de ser reduzida a menos de 8% da vegetação original, a Mata Atlântica era a segunda maior floresta tropical úmida do Brasil. Perdia em extensão apenas para a Floresta Amazônica e podia ser encontrada em praticamente todo o litoral brasileiro.

Mico-leão-da-cara-preta. Foto: Tom Svensson

Mico-leão-da-cara-preta. Foto: Tom Svensson

Devido à falta de consciência sobre a necessidade de se preservar o meio ambiente, hoje, as quatro espécies de micos-leões existentes estão ameaçadas de extinção. O mico-leão-da-cara-preta (Leontopithecus caissara) é o que corre mais risco na atualidade. Restam apenas 400 indivíduos, quantidade considerada muito pequena e que representa uma ameaça à sobrevivência da espécie. Vivem na ilha de Superagui e na região do vale do Rio dos Patos, ambas no Paraná, e na planície de Ariri, em São Paulo.

O mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) é outro que, por pouco, não desapareceu na década de 70. Na época, só havia pouco mais 200 micos-leões-dourados livres na natureza. Com a ajuda de organizações nacionais e internacionais e de órgãos do governo, a população desses animais em vida selvagem saltou para o número atual de 1.200.

Também conhecidos como sauí vermelho e sagui-piranga, eles habitam atualmente a Mata Atlântica da baixada costeira do Estado do Rio de Janeiro, restrita aos municípios de Silva Jardim, Rio Bonito, Casimiro de Abreu, Rio das Ostras, Cabo Frio, Armação dos Búzios e Saquarema. Outros 450 vivem em zoológicos de todo o mundo.

Black lion tamarin. Foto: Alan Hill/Wikimedia

Black lion tamarin. Foto: Alan Hill/Wikimedia

O mico-leão-preto (Leontopithecus chrysopygus) chegou a ser considerado extinto por mais de 50 anos. Ele foi redescoberto em 1971 e, graças aos esforços de preservação, existem cerca de mil dessa espécie, restritos a sete fragmentos florestais privados e duas unidades de conservação estaduais, no oeste de São Paulo.

O mico-leão-da-cara-dourada ou mico-leão-baiano (Leontopithecus chrysomelas) é, de todos, o que corre menos risco de extinção. Estimativas indicam que haja entre seis e quinze mil indivíduos, vivendo no que sobrou da Mata Atlântica ao sul da Bahia.

Veja também:

WWF

Associação Mico-Leão-Dourado

Data Publicação: 25/11/2021