Figura 1. Plantinha crescendo entre tijolos de uma calçada. Como a semente que deu origem a esta planta chegou a este local? Crédito: aljafaro/Flickr.

Hoje sabemos que os seres humanos surgiram no continente africano e migraram para todas as regiões do planeta. Você já pensou como as plantas conquistam novos ambientes?

As plantas estão presentes nos cinco continentes. Elas crescem no solo, no deserto e na água, sobre as rochas e até sobre outras plantas. Vemos plantinhas crescendo até em locais surpreendentes, como em rachaduras de muros e calçadas. Como elas chegaram até ali?

A maioria das plantas nasce de sementes produzidas por outras plantas (musgos, samambaias e seus parentes evolutivos não produzem sementes e se reproduzem de outra forma). Porém, a planta-mãe não pode andar para espalhar suas sementes pelo mundo. Como então as sementes chegam a locais distantes?

Ao longo de milhões de anos de evolução, as plantas desenvolveram diferentes maneiras de espalhar suas sementes para longe. Quer conhecer algumas delas?

 

De carona com o vento

O vento é um grande aliado para a dispersão, isto é, o espalhamento das sementes. Sementes espalhadas pelo vento em geral são achatadas e caem lentamente, planando no ar como uma pena ou uma folha de papel. É o caso das sementes dos ipês.

Em outras espécies, como o dente-de-leão, é o fruto que é carregado pelo vento. E lá se vai a semente dentro dele!

Figura 2. As sementes de Alsonita macrocarpa, que vive na Indonésia, são achatadas e têm uma expansão que parece uma asa. Sementes assim são chamadas de sementes aladas. Crédito: Scott Zona de Miami, Flórida, EUA/Wikipedia

 

Figura 3. Muitas pessoas fazem pedidos enquanto sopram os frutos do dente-de-leão para longe. Cada “fiapo” é um fruto voando. A semente está dentro dele, na parte mais dilatada. Crédito: John Liu/Flickr.

 

Há também frutos e sementes com formato de “hélices ou “asas”. Ao se soltarem da árvore-mãe, giram e caem lentamente como pequenos drones e helicópteros naturais. É o caso do pau-formiga (veja fotos ao fim desta matéria).

 

Por que ir para longe?

Espalhar as sementes traz vantagens para as plantas. Lembre-se de que as plantas não se movem e, portanto, ficam toda a vida no local onde a semente germinou. Se as plantas-filhas crescerem muito perto da planta-mãe, vão competir por água, luz e sais minerais. Além disso, se uma seca ou um incêndio destruírem esse ambiente, toda aquela “família” vai morrer.

Além disso, se ficarem muito próximas, as novas plantas provavelmente vão receber grãos-de-pólen de seus parentes próximos. E a reprodução entre parentes pode produzir descendentes mais vulneráveis.

 

Na Fiocruz

No campus Fiocruz Manguinhos e Fiocruz Maré, localizado na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro (RJ), vemos muitas árvores que usam o vento para dispersar suas sementes e frutos.

Os frutos do pau-formiga (Triplaris americana) mantêm as três sépalas (aquelas “folhas” verdes na base de algumas flores). As sépalas têm uma inclinação que cria um movimento giratório, fazendo o fruto planar. O amendoim-bravo (Pterogyne nitens), por outro lado, tem seu fruto seco com uma ala, ou “asa”, que também faz o fruto girar com a semente dentro, semelhante às sementes do pau-rei (Pterygota brasiliensis). Apesar de serem muito parecidos, um é um fruto alado e o outro é uma semente alada, respectivamente.

 

Figura 4. Na figura acima, semente de amendoim-bravo (Pterogyne nitens) e, na imagem abaixo, semente do pau-rei (Pterygota brasiliensis). Crédito: João Medeiros/Flickr e Jorge Eduardo Fermino Oliveira Silva/Wikimedia Commons.

 

Outra forma de dispersão como a da pena caindo, acontece com o pente-de-macaco (Amphilophium crucigerum), cujas sementes estão no meio de uma espécie de película transparente que plaina e é levada facilmente. Já a paineira-rosa (Ceiba speciosa) produz fibras semelhantes ao algodão dentro fruto. Estas fibras envolvem as sementes, que voam com qualquer brisa.

Figura 5. Na imagem acima, as sementes do pente-de-macaco (Amphilophium crucigerum). Abaixo, o fruto fechado e aberto da paineira-rosa (Ceiba speciosa), com as fibras que envolvem a semente. Crédito: Roger Culos/Wikimedia Commons e Martin LaBar/Flickr

 

Por Lucas Heleno Lopes e Ismael do Monte Ferraz. 

Data Publicação: 29/11/2023