Veja como as plantas medicinais podem ser importantes aliadas do corpo
A relação entre plantas e medicina é uma das mais antigas da história. Desde os primórdios, as pessoas têm buscado nas plantas medicinais soluções para tratar diversas doenças, aproveitando suas propriedades curativas. E essa prática está presente em diversas culturas ao redor do mundo.
Mas você sabe o que são plantas medicinais? Vamos descobrir que plantas são essas e conhecer exemplos que são destaque quando o assunto é saúde.
O que são plantas medicinais?
Plantas medicinais são aquelas que podem ser utilizadas para tratar doenças, aliviar sintomas ou promover a saúde. Essas plantas contêm substâncias que têm efeito sobre os seres vivos, os chamados compostos bioativos. E esses compostos podem estar presentes em diferentes partes das plantas, como folhas, flores, raízes e cascas.
Além de serem utilizadas na medicina tradicional, muitas plantas medicinais também são a base de medicamentos fitoterápicos. Medicamentos fitoterápicos são produtos obtidos integralmente a partir destas plantas, usados no tratamento e prevenção de diversos problemas de saúde.
Uso de plantas medicinais precisa ser responsável
Atualmente, as plantas medicinais são essenciais na medicina, oferecendo tratamentos para uma variedade de condições de saúde. Contudo, é crucial que utilizemos esses recursos naturais de maneira responsável.
Isso significa, por um lado, preservar as plantas e seus habitats, evitando a exploração excessiva e garantindo que elas possam continuar a se reproduzir, para que as futuras gerações também possam se beneficiar dessa sabedoria que vem da natureza. Por outro, é fundamental fazer um uso adequado e seguro das plantas medicinais, respeitando as doses recomendadas e evitando o abuso, para que seu potencial terapêutico seja aproveitado sem riscos à saúde.
Nem todas as plantas são benéficas para a saúde – algumas delas são tóxicas e fazem mal à saúde. E, mesmo no caso das plantas medicinais, o uso em quantidade excessiva e prolongado, por exemplo, também pode ser perigoso. É importante sempre buscar orientação de profissionais da saúde.
Agora, chegou a hora! Conheça abaixo seis espécies de plantas medicinais que são especialmente relevantes para o tratamento de doenças e alívio de sintomas. Vamos discutir suas aplicações, como elas atuam no organismo e, o mais importante, a necessidade de usá-las de forma sustentável!
Babosa (Aloe Vera)
A Babosa (Aloe vera), também conhecida por outros nomes populares como sábila, é uma planta amplamente reconhecida por suas propriedades curativas. Ela é originária da Ilha de Socotra, na África. É uma planta xerófita, isto é, adaptada a ambientes secos, e faz parte de um gênero com cerca de 360 espécies.
As folhas da babosa contêm um gel transparente, que é a parte utilizada medicinalmente. Já o látex amarelo é laxativo e potencialmente tóxico para os rins e o fígado. O gel extraído de suas folhas é eficaz no tratamento de queimaduras e cicatrização de feridas. isso se dá graças às suas propriedades anti-inflamatórias e hidratantes.
Dedaleira (Digitalis)
O gênero Digitalis abrange cerca de 20 espécies herbáceas, principalmente encontradas na Europa. Uma das mais conhecidas, a dedaleira grega (Digitalis lanata) é cultivada para a extração de compostos que atuam no tratamento de problemas cardíacos. As folhas dessa planta contêm uma variedade de compostos químicos, sendo digitoxina e digoxina os mais relevantes. Essas substâncias são utilizadas no tratamento de insuficiência cardíaca, pois aumentam a quantidade de íons cálcio dentro das células do coração.
Outra espécie, a dedaleira sortida (Digitalis purpurea), é uma erva com flores violáceas (em tons de cor violeta ou roxo) e consegue se adaptar a novos climas, solos e condições ambientais. A planta também é importante para a indústria farmacêutica devido ao seu potencial terapêutico no tratamento das doenças cardíacas.
É importante destacar que essas plantas também são tóxicas! Elas podem causar problemas se consumidas de forma inadequada ou sem acompanhamento de um médico.
Quina (Cinchona)
A quinina é uma substância extraída da casca da planta conhecida como Cinchona ou Quina (Cinchona spp.). Ela transformou o tratamento da Malária graças a sua capacidade de inibir a reprodução do parasita Plasmodium. Embora eficaz, seu uso é complementado por medicamentos sintéticos devido ao surgimento de cepas resistentes.
O cloridrato de quinina, produzido a partir de sais importados, foi um marco na fabricação de quimioterápicos no Brasil. O Pavilhão Figueiredo Vasconcelos foi criado em 2022 para produzir e distribuir comprimidos de quinina, que eram fornecidos gratuitamente em postos de saúde. Ele fica localizado dentro do campus da Fiocruz Manguinhos, no Rio de Janeiro.
Várias espécies de quina são encontradas no Brasil. Entretanto, apenas algumas possuem os princípios ativos do quinina, destacando a importância de pesquisas sobre suas propriedades medicinais.
Ginkgo biloba
O ginkgo biloba é uma árvore milenar, com propriedades medicinais. É conhecida por melhorar a circulação sanguínea, memória e dores de cabeça. O extrato das folhas do ginkgo é utilizado na fitoterapia e possui ações anti-inflamatórias, antioxidantes e antialérgicas.
As sementes são empregadas na medicina chinesa para tratar problemas respiratórios e urinários. No ocidente, o ginkgo biloba é valorizado por seus benefícios potenciais à memória e funções cognitivas, ajudando a aliviar sintomas como tontura e dores de cabeça. No entanto, seu uso deve ser cauteloso, especialmente em pessoas que usam medicamentos anticoagulantes ou têm tendência a sangramentos. Deve sempre ser usado sob supervisão profissional.
Embora muitos benefícios sejam reconhecidos, ainda são necessárias mais pesquisas para validar suas aplicações medicinais e compreender os efeitos a longo prazo no organismo. Vale lembrar que o uso das sementes de Ginkgo deve ser tratado com cuidado devido à toxicidade.
Equinácea
A equinácea é uma flor silvestre rica em substâncias, amplamente utilizada na medicina alternativa devido a suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Seus principais usos incluem a prevenção e tratamento de infecções virais como resfriados.
Ela também é usada no tratamento de doenças de pele e cicatrização de feridas. Apesar disso, ainda não há evidências científicas 100% comprovadas na prevenção de resfriados e outras doenças devido à variação nas fórmulas utilizadas.
Em geral, a equinácea é considerada segura para uso a curto prazo, embora possa causar efeitos colaterais leves, como tontura e problemas digestivos. É preciso também ter atenção durante seu uso nas interações com medicamentos, especialmente aqueles que afetam o fígado. É importante consultar um médico antes de usá-la, especialmente no caso de pessoas portadoras de doenças autoimunes ou sistema imunológico comprometido.
Gengibre
O gengibre (Zingiber officinale) é uma planta perene, que continua a crescer e se reproduzir por vários anos. Ele é amplamente utilizado tanto na culinária quanto na medicina. É famoso por suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, principalmente devido a compostos chamados de gingerol e shogaol.
Costuma ser consumido fresco, seco, em suco ou óleo. É conhecido por aliviar náuseas e vômitos, especialmente relacionados à gravidez e a procedimentos cirúrgicos. Estudos mostram que o gengibre pode reduzir moderadamente a dor causada pela osteoartrite. Também ajuda a controlar níveis de glicose em diabéticos tipo 2, embora sua eficácia na quimioterapia ainda não seja comprovada.
Geralmente seguro, o gengibre pode causar desconforto digestivo e, em doses elevadas, aumentar o risco de hemorragias. Recomenda-se cautela ao combiná-lo com medicamentos anticoagulantes. No geral, o gengibre se destaca como um superalimento, oferecendo diversos benefícios para o bem-estar, especialmente no suporte à digestão.
Conheça a Série Plantas:
Cinco razões que tornam as plantas fundamentais para a vida na Terra
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Fontes consultadas:
Horto Didático de Plantas Medicinais do HU/CCS/UFSC. Digitalis lanata Ehrhart. Disponível em: https://hortodidatico.ufsc.br/dedaleira-ou-digital/ Publicação: 09 jan 2020.
Museu da Vida Fiocruz. Cloridrato de Quinina. Disponível em: https://www.museudavida.fiocruz.br/index.php/museologico/objeto-em-foco/objeto-em-foco-cloridrato-de-quinina.
Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/.
Brasil. Ministério da Saúde. Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/sectics/plantas-medicinais-e-fitoterapicos.
Mundo Educação. Ginkgo biloba. Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/saude-bem-estar/ginkgo-biloba.htm.
Forlenza, O. V.. (2003). Ginkgo biloba e memória: mito ou realidade?. Archives of Clinical Psychiatry (são Paulo), 30(6), 218–220. https://doi.org/10.1590/S0101-60832003000600004.
Centro Especializado em Plantas Aromáticas, Medicinais e Tóxicas – Universidade Federal de Minas Gerais (CEPLAMT/UFMG). Ginkgo (folhas). Disponível em: https://www.ufmg.br/mhnjb/ceplamt/bancodeamostras/ginkgo/ .
Shane-McWhorter, Laura. Manual MSD – Versão Saúde para a Família. Equinácea. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt/casa/assuntos-especiais/suplementos-alimentares-e-vitaminas/equin%C3%A1cea. Revisão: mar 2024.
National Geographic Brasil. Os 6 benefícios do gengibre para a saúde já estudados pela ciência. Disponível em: https://www.nationalgeographicbrasil.com/ciencia/2024/03/os-6-beneficios-do-gengibre-para-a-saude-ja-estudados-pela-ciencia. Publicação: 27 mar 2024.
*Todos os sites foram acessados em 22 de outubro de 2024.
Por Melissa Cannabrava
Data Publicação: 29/11/2024
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