Por: Maria Ramos
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Arara-canindé. Wikipédia
Vermelho, verde, azul e amarelo, em diferentes tons e combinações – assim são as araras, famosas pelo porte altivo e por suas penas coloridas e uma das aves mais bonitas do mundo.
Paraíso das araras durante muito tempo, o Brasil ainda é o mais rico do mundo em psitacídeos (aves da família Psittacidae), que inclui também papagaios, periquitos e maritacas, com 72 espécies, quase 20% de todos os membros desta família.
Mas depois de mais de 500 anos de exploração inconsequente da natureza, a realidade das araras há muito tempo não é mais a mesma. A população dessas aves, bem como de outros psitacídeos, foi reduzida drasticamente nas últimas décadas, o que resultou em várias espécies extintas e outras seriamente ameaçadas.
A arara-azul-pequena (Anodorhynchus glaucus), por exemplo, foi extinta no final do século passado, e a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), um parente muito próximo da arara, só que bem menor (mede menos de 60 centímetros), não existe mais na natureza devido ao tráfico ilegal de aves raras. O último exemplar selvagem dessa espécie habitava a região de Curaçá, no sertão da Bahia, e vinha sendo monitorado até que desapareceu em outubro de 2000.
Atualmente, mais duas espécies estão ameaçadas de extinção: a arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus), e arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari). Esta última, embora conhecida pela ciência há apenas 30 anos, é uma das aves mais ameaçadas de extinção do mundo: sua população está em torno de 500 indivíduos.
Araras brasileiras
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Arara-canga. Wikipédia
Há 17 espécies de araras distribuídas pela América tropical. No Brasil, cinco espécies podem ser encontradas na região amazônica, no Nordeste e nas regiões do Planalto Central.
As araras brasileiras verdadeiras são a arara-canindé (Ara Ararauna), a arara-canga (Ara macao), a arara-vermelha-grande (Ara chloroptera), a arara-azul-grande, e a arara-azul-de-lear.
De todas essas, talvez, a arara-canindé, também conhecida como arara-de–barriga amarela, seja a mais famosa. Com as asas azuis, o peito e o ventre amarelos, ela tem duas das principais cores da bandeira brasileira. Antigamente, ocorria da América Central até Santa Catarina.
A arara-azul-grande se destaca não só pela beleza, mas por ser o maior psitacídeo do mundo – ela chega a medir um metro de comprimento e pesar 1,5 Kg! Suas penas azul-escuras fazem com que, de longe, pareça preta. É também, por isso, conhecida como arara-preta e arara-una (sendo “una”, negro em Tupi).
As araras vivem em pequenos grupos ou casais, nas copas das árvores das matas e cerrados, a fim de se protegerem de predadores, como grandes cobras e aves de rapina. Na natureza, emitem sons e gritos característicos, que se assemelham à palavra “arara” (motivo pelo qual os indígenas lhe deram este nome). É com esses gritos que elas se comunicam, definem territórios e, inclusive, brincam.
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Araras-azuis (Foto: Projeto AA/Neiva Guedes)
As araras são aves muito inteligentes e curiosas. Verdadeiras exploradoras, gostam de brincar com objetos interessantes que encontram. São também muito sociais, passam boa parte do tempo interagindo com seu parceiro e seu grupo, e, à noite, reúnem-se em bando para dormir.
Possuem patas ágeis que são usadas para levar comida à boca e um bico grande, forte e curvo que funciona como um terceiro pé. Com ele, a arara é capaz de quebrar sementes e frutos bem duros, especialmente coco de palmeiras, e escavar o tronco de árvores para comer larvas de insetos.
As araras costumam ser fiéis aos seus parceiros até a morte – elas podem viver até 70 anos de idade. Os seus ovos são colocados em buracos cavados no alto do tronco de palmeiras. É a mãe que choca o ovo, mas ambos os pais alimentam a sua cria.
Os filhotes das araras nascem indefesos, sem penas, e muito, muito feios! Nem parece que vão se transformar naquela linda arara imponente e colorida. Até estarem com as penas crescidas, os filhotes dependem dos cuidados dos pais, mas logo que aprendem a voar, saem com o bando em busca de comida.
Fontes de informações:
SICK, Helmut. Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.
Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção
Data Publicação: 25/11/2021