
Fig 1. Nem tudo é o que parece ser… E as ilusões visuais são um exemplo disso! Crédito: EyeEm Mobile GmbH/ Getty Images
Conheça algumas figuras que podem ‘enganar’ nossa percepção visual
Elementos que se mexem em um quadro, objetos muito maiores do que outros, figuras que ora estão ali, ora não estão mais… Você sabe do que estamos falando? Acertou se pensou nas ilusões visuais! Mas sabe como elas funcionam?
O que é uma ilusão visual?
A ilusão visual é um fenômeno que ocorre quando o nosso sistema visual interpreta imagens de forma equivocada.
O segredo desse mistério está no nosso cérebro, em uma região atrás da nuca chamada de córtex visual.
O córtex visual está organizado em várias áreas. Cada uma delas é responsável por analisar e interpretar uma ou mais características de uma imagem, por exemplo, tamanho, cor, posição e movimento.
A informação processada em uma área é integrada com as informações processadas nas demais áreas do córtex visual. E é esse processo de integração que pode gerar interpretações ilusórias – sim, as ilusões de ótica!
Agora que já está mais por dentro desse processo, que tal desafiar seu cérebro, ou melhor, seu córtex visual? Confira abaixo cinco imagens e veja como elas são capazes de ‘enganar’ nossa percepção visual!
1) Grade Cintilante de Bergen

Fig 2. Grade Cintilante é um tipo de ilusão visual de contraste de cores. Crédito: coleção “Meu cérebro me engana”/Ciência Móvel
Olhe a imagem acima. Percorra toda a grade com seus olhos, focando sempre no centro de um dos discos brancos. Agora, sem mover a cabeça ou os olhos, veja o que acontece com a cor dos outros discos que estão no entorno. O que você notou?
Essa ilusão visual acontece porque os discos brancos periféricos são percebidos pelo sistema visual como pretos. Mas isso não ocorre com o disco branco no centro do campo de visão! Ele, ao contrário dos periféricos, é percebido como branco mesmo.
Essa ilusão visual foi descoberta por J. R. Bergen em 1985. Ela é similar à Grade de Hermann (1870) – Hering (1872). A diferença é que a ilusão de Hermann apresentava apenas as linhas cinzas e os quadrados pretos, sem os discos brancos.
2) Movimento Flutuante Periférico

Fig 3. Na figura acima, a ilusão de ótica envolve movimento periférico e sombra. Crédito: coleção “Meu cérebro me engana”/Ciência Móvel
Confira todo o quadrado dessa imagem acima, movendo os olhos bem devagar de um disco ao outro. Compare também dois discos vizinhos, na horizontal ou na vertical. Qual é a diferença entre eles?
Nessa ilusão de ótica, duas características se destacam: movimento periférico e sombra. Perceba que há sombras pretas envoltas nos discos. Elas estão posicionadas em diferentes direções. Para o nosso cérebro, essa divergência não faz sentido, então, ele entende que os discos estão em movimento.
A ilusão de ‘Movimento Flutuante Periférico’ foi descrita por Jocelyn Faubert e Andrew M. Herbert em 1999. Um efeito similar já havia sito relatado por Alex Fraser e Kimerly J. Wilcox em 1979. Posteriormente, o cientista e artista Kitaoka Akiyoshi tornou o efeito ainda mais popular com a obra ‘Cobras giratórias’ (2003).
3) A Esposa ou Sogra?

Fig 4. Você vê uma jovem ou uma senhora idosa nessa imagem? Crédito: coleção “Meu cérebro me engana”/Ciência Móvel
Você está vendo uma moça ou uma senhora mais velha na imagem acima? Calma! Não existe resposta certa! A chave dessa ilusão visual é a ambiguidade, então, é possível que ora você veja uma personagem, ora veja outra.
Caso tenha visto a moça, a dica para tentar ver a senhora é observar a orelha da jovem que representa o olho da idosa. Agora, se viu uma senhora, foca no nariz dela e perceba que ele é o queixo lateral da moça!
Nas ilusões de ambiguidade, a interpretação das imagens pode variar. Questões culturais, experiências de vida, expectativas sobre a imagem são alguns fatores que interferem na forma como nosso cérebro interpreta esse tipo de imagem.
A ilusão ‘A Esposa ou a Sogra?’, atualmente também conhecida como ‘A moça ou a velha’, foi criada por William Ely Hill em 1915. A arte foi inspirada em um cartão ilustrado alemão de 1888. Em 1930, Edwin Boring incluiu a figura em um artigo científico de Psicologia, tornando-a mais popular.
4) Cor inexistente

Fig 5. Essa imagem é uma ilusão visual de contraste, luminosidade e cor. Ela foi inspirada em Israel Pedrosa, serigrafia, 1979. Crédito: coleção “Meu cérebro me engana”/Ciência Móvel
Os elementos-chave dessa ilusão são o contraste, a luminosidade e a cor! Desvende os mistérios da imagem acima, conferindo todos os lados do quadrado e percorrendo toda a circunferência dos círculos. Agora, pense no que viu. O que aconteceu com as cores? Onde está mais claro? E mais escuro?
Esse tipo de ilusão usa fundos com diferentes cores ou texturas (Ilusão de Chubb) e brinca com o efeito dessa sobreposição. Isso porque a percepção de uma mesma cor pode variar quando ela está aplicada sobre um fundo mais ou menos claro. Ou seja, a depender do fundo, a cor sobreposta pode parecer mais ou menos iluminada, brilhante.
Esse efeito ocorre graças à luminosidade aparente (brilho), um dos aspectos que define a cor. E esse brilho pode variar muito com as cores vizinhas e a cor do fundo. Outro aspecto que altera o brilho é o contraste de cores entre o fundo e as cores vizinhas.
A imagem dessa ilusão é inspirada na obra do artista plástico Israel Pedrosa, que é craque em brincar com a luminosidade das cores, a partir do uso de elementos como listras e fundos coloridos.
5) Paralelas de Hering e de Zöllner

Fig 6. Nas ilusões visuais de Hering (à esquerda) e de Zöllner (à direita), a direção e o paralelismo são as chaves para esse enigma. Crédito: coleção “Meu cérebro me engana”/Ciência Móvel
As figuras acima são exemplos de ilusões visuais de direção e paralelismo. Confira a imagem à esquerda e avalie se as linhas vermelhas são retas ou curvas. Já na figura à direita, verifique se as linhas pretas com traços são paralelas. O que notou?
Para responder essas dúvidas, use uma placa régua, isto é, uma malha quadriculada que possui vários quadradinhos de mesma medida.
Na realidade, as linhas vermelhas da primeira imagem e as pretas da segunda imagem são retas e paralelas. No entanto, essa percepção pode ser alterada devido à presença de linhas que se cruzam em diferentes direções.
Karl Ewald Konstantin Hering descobriu a ilusão à esquerda em 1861. Já a segunda imagem foi criada pelo astrofísico alemão J. K. F. Zöllner em 1860.
Fontes consultadas:
Crédito: coleção “Meu cérebro me engana”/Ciência Móvel
The Illusions Index. Disponível em: https://www.illusionsindex.org/. Acesso em: 10 mar 2025
Por Paulo Henrique Colonese. Adaptado por Teresa Santos para Invivo.
Data Publicação: 12/03/2025