Por: Maria Ramos
Com o surgimento das primeiras grandes civilizações, os deslocamentos tornaram-se bem mais frequentes e o homem passou a ter uma necessidade maior de se orientar para saber como chegar a lugares distantes, como outras cidades, por exemplo. Naquela época, ainda faltavam alguns milhares de anos para a bússola se tornar conhecida, mas apesar disso, o homem já se orientava por um método bastante simples e utilizado até os dias de hoje: a observação dos astros.
Alexandre Cherman, astrônomo do Planetário, observa que até a palavra orientação vem de “oriente”, “leste”, ou seja, a direção em que os astros surgem no horizonte. Mas hoje, com tanta tecnologia, será que se orientar pelos astros ainda é importante?
Atualmente aparelhos GPS (sigla em inglês para Sistema de Posicionamento Global) são amplamente utilizados em navios e embarcações. Controlados por satélites, eles fornecem localizações extremamente precisas, sem a necessidade de cálculos ou de conhecimento do céu.
Alexandre Cherman, no entanto, acha perigoso o excesso de confiança na tecnologia e teme que essa relação acabe por extinguir a cultura de orientação: “As pessoas, hoje em dia, não querem mais se preocupar com bússola ou observação dos astros e esquecem que os equipamentos também falham”.
Como exemplo, o pesquisador cita um caso famoso de um avião que caiu, em 1989, na selva, na região de São José do Xingu, no norte do Mato Grosso, quando o piloto César Augusto Pádula Garcez, usando o sistema computadorizado do avião, digitou a rota 270 em vez de 027. Doze pessoas morreram quando o avião, já sem combustível, se chocou contra as árvores. “Um dos passageiros habituado a fazer o trajeto percebeu que a rota estava errada ao observar a posição das estrelas. Mas já era tarde demais”, acrescenta o astrônomo.
O método de orientação pelos astros também pode ser muito útil quando usado como auxiliar à bússola, visto que esse instrumento indica somente o Norte Magnético, enquanto os astros permitem saber a posição certa do Norte Geográfico. Além disso, em casos de acidentes, por exemplo, nem sempre se tem disponível outros recursos de orientação.
Data Publicação: 18/01/2022