Por: Daniele Souza

Se, inicialmente, para resolver o problema do voo, até o famoso pintor Leonardo da Vinci pensou numa asa batente…

 

A ideia da asa  batente funcionava com uma tela e um pano embaixo. Quando a asa subia, o pano abaixava, deixando o ar passar. Ao contrário, quando descia, o pano batia na tela, criando uma força para cima. Era um mecanismo muito simples e pouco funcional, despendendo enorme energia. Mesmo assim, diversos inventores se atiraram de torres e acabaram não sustentando o voo.

Como na maioria dos pássaros, é por meio do desenho de um planador que as ideias de voar começam a se desenvolver.

Sabe qual é uma conhecida ave que plana? Os urubus. Eles são excelentes planadores, capazes de passar o dia inteiro planando, sem fazer força, realizando voos em círculos por meio de térmicas, correntes ascendentes de ar quente.

E é exatamente um planador pequeno, de 1,50m de distância entre as asas, que o inglês George Cayley desenhou por volta do final do século XVIII. Cayley prevê as necessidades do voo, o melhor funcionamento da asa, um leme – para estabilizar o voo – e uma estrutura que sustente a asa e o leme, abandonando as asas que batiam.

O planador só se mantém no ar porque está andando: a passagem do ar pelas asas faz com que o planador tenha sustentação e se mantenha em equilíbrio. Consequentemente, a grande discussão começa a ser  a localização das forças que proporcionam a sustentação. Era necessário alcançar equilíbrio na força de sustentação da asa, do peso e de um elemento que pudesse fornecer a direção, garantindo estabilidade.

Embora Cailey tenha feito um planador, o primeiro grande sucesso ocorreu por meio de um planador  pilotado, inventado pelo engenheiro alemão Otto Lilienthal. Otto inclusive construiu um morro de onde chegou a realizar mais de 2000 voos!

As asas utilizadas por Otto eram grandes, de perfil circular, seguindo os conceitos de Cailey: asa, leme e um piloto controlando o equilíbrio, por meio do deslocamento do próprio corpo, fazendo com que o planador abaixe ou levante a frente do aparelho, ou caia para direita ou para esquerda.

Os primeiros voos planados já representam o prenúncio da asa-delta e de como ocorre o voo, embora ainda não se soubesse como eram exatamente os mecanismos de funcionamento. Por isso mesmo, em 1896, ocorre um grande acidente

 

Ao tentar conseguir maior distância num voo, Otto joga o corpo para trás, aumentando o ângulo de incidência na asa. Como o planador estava descendo, ao jogar o corpo para trás, o nariz do planador fica mais leve, levantando, inclinando a asa em relação ao ar, causando maior curvatura  e sustentação. Entretanto, com isso, também se perde velocidade. Com menor velocidade, simultaneamente se perde sustentação e o planador cai subitamente. Conhecida como estol, esta manobra faz com  que Otto Lilienthal caia de bico de uma altura de uns 15 metros, fraturando a bacia e falecendo em seguida.

Traumatizados com o falecimento de Otto e ainda sem entender a aerodinâmica do voo, para inibir o estol, os inventores buscam a solução de colocar o leme na parte da frente da asa.

Conhecida como Canard, esta configuração reduz o estol, se cair, não cai de bico, cai de barriga, podendo até machucar, mas com menos chance de ocasionar morte. Por outro lado, dificulta a manutenção do voo. Todos os primeiros planadores e aeroplanos, feitos a partir desta fase, tiveram o leme colocado na frente.

Data Publicação: 18/01/2022