Descubra como funcionam as unidades do CRIE, centros especializados que oferecem vacinas específicas de forma gratuita
Vacina boa é vacina no braço, certo? Mas sabia que algumas pessoas necessitam de imunizantes diferentes daqueles que encontramos nas Unidades Básicas de Saúde? Felizmente, estes produtos existem! Pessoas com condições especiais podem ter acesso a vacinas específicas de forma gratuita nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE).
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) implantou os primeiros CRIE em 1993. De lá para cá, a rede cresceu. Desde 2002, existem unidades especiais de vacinação em todos os estados brasileiros. Até junho de 2022, o país contava com 52 CRIE.
Como assim, “vacinas específicas”?
Muitas das vacinas oferecidas nos CRIE têm composição diferente das vacinas disponíveis nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Quer um exemplo?
A bactéria Haemophilus influenzae tipo b (Hib) causa infecções em diversas partes do corpo, incluindo a meningite. Nas UBS, a vacina pentavalente protege contra essa bactéria e também contra difteria, tétano, coqueluche e hepatite B. Já nos CRIE, é possível encontrar uma vacina específica apenas contra o Hib.
Fig 2 e 3. À esquerda, vacina pentavalente, disponível nas Unidades Básicas de Saúde. À direita, a vacina Hib disponível nos CRIE.
Como ser atendido no CRIE?
O pontapé inicial para o atendimento no CRIE é o encaminhamento para a unidade. Este deve ser acompanhado de formulário com dados do paciente, indicação médica e exames que justifiquem a indicação.
As situações que justificam o encaminhamento envolvem a presença de condições que tornam uma pessoa mais vulnerável a infecções. É o caso, por exemplo, daqueles que têm o sistema de defesa comprometido desde o nascimento. Também estão neste grupo pessoas que apresentaram falha de defesa após infecções, uso de medicamentos ou outros fatores.
Assim, pessoas vivendo com HIV/Aids, pacientes em tratamento para o câncer e transplantados podem ser encaminhados para os CRIE. O mesmo ocorre com algumas doenças crônicas do coração, pulmões, fígado e rins. Outros exemplos são diabetes mellitus, asma persistente moderada ou grave, doenças neurológicas crônicas incapacitantes e implante de cóclea.
Também podem ter acesso aos CRIE pessoas que apresentam reações graves após receber vacinas, assim como as que têm alergias a anticorpos de origem animal. Alguns recém-nascidos, entre eles, os que nasceram bem antes do ideal (31 semanas de gestação ou antes) ou com peso muito baixo (menos de 1 kg) são mais um grupo com indicação.
Há ainda algumas pessoas que, embora não tenham condições especiais, podem ser um público do CRIE. É o caso, por exemplo, de profissionais de saúde expostos a riscos e pessoas que convivem com indivíduos cujo sistema de defesa está comprometido. Os CRIE também vacinam viajantes que vão para áreas onde existem certas doenças.
Para além das vacinas…
Nem só de vacinas vivem os CRIE. Eles também disponibilizam outros produtos. São ofertados, por exemplo, anticorpos humanos (imunoglobulinas) que atuam contra doenças como hepatite B, raiva, tétano, catapora e herpes zoster.
Vacinas e anticorpos têm usos diferentes. As vacinas ativam as defesas do nosso corpo e conferem proteção mais duradoura. Além disso, também podem promover a erradicação de doenças, o que não ocorre com os anticorpos. A principal vantagem dos anticorpos é a rapidez, pois começam a atuar imediatamente após a aplicação, enquanto as vacinas geralmente levam duas semanas.
Os CRIE ainda fazem investigação e acompanhamento dos efeitos colaterais que podem surgir após a administração de vacinas.
E se o CRIE está longe, o produto especial vai até você
Pessoas que moram muito longe de um CRIE não ficam sem atendimento. Nestes casos, é possível procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima. Este centro fará então contato com órgãos do estado ou município solicitando o imunizante especial, que será enviado à UBS para aplicação.
Fontes consultadas:
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Por Teresa Santos
Data Publicação: 06/07/2022
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