Se você tem entre 10 e 14 anos, fique ligado! O Brasil já está aplicando a Qdenga, a primeira vacina contra a dengue no SUS, em 521 municípios
A dengue é uma velha conhecida dos brasileiros. Ela é causada por quatro subtipos do vírus da dengue (DENV). No Brasil, é transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti. Eliminar os criadouros dos mosquitos é fundamental para o controle dessa infecção. Desde fevereiro de 2024, mais uma estratégia de combate está disponível para a população: a vacina contra a dengue no SUS. Produzida pelo laboratório Takeda, do Japão, o imunizante Qdenga protege contra os quatro subtipos de vírus que causam a doença.
Vacina contra a dengue no SUS é gratuita e já pode ser encontrada em muitas cidades do país
O Brasil é o primeiro país do mundo a incluir essa vacina no calendário nacional de vacinação. Foram compradas cerca de 5 milhões de doses para 2024 e mais 9 milhões para 2025. Por limites na capacidade de fabricação, ainda não há doses suficientes para todo o país. Por isso, o Ministério da Saúde selecionou regiões para receber primeiro essas vacinas. São 521 municípios com alta transmissão de dengue em 2023 e 2024 e com predominância do tipo de vírus chamado DENV-2. Além disso, pelo menos um dos municípios da região deve ter mais de 100 mil habitantes. Ao todo, serão atendidos municípios de 16 estados, além do Distrito Federal.
Segundo a fabricante, o imunizante pode ser aplicado em pessoas de 4 a 60 anos. Aqui no Brasil, a vacinação começa pelas crianças de 10 e 11 anos, avançando até os adolescentes de 14 anos. É nessa faixa etária (10 a 14) que geralmente acontece a segunda infecção pela dengue, o que pode causar sintomas graves e internações. A hospitalização também é frequente em idosos, mas, por enquanto, a vacina não é indicada para eles.
A Qdenga também está disponível em clínicas particulares. A aplicação é feita em duas doses, com três meses de intervalo entre elas, tanto no SUS quanto nos serviços privados.
Vacina atenuada? O que é isso?
A Qdenga é uma vacina atenuada. Isso significa que ela é feita com vírus enfraquecidos, que não provocam a doença, mas estimulam as defesas do nosso corpo. Ela é tetravalente, ou seja, leva o sistema imunitário a produzir anticorpos contra os quatro tipos de vírus que provocam a dengue. E estudos mostraram que esses anticorpos permanecem no sangue por, pelo menos, quatro anos.
A vacina é feita com a tecnologia do DNA recombinante. Em outras palavras, a estrutura genética do vírus tipo 2 (DENV-2) foi modificada para imitar os genes dos vírus tipo 1, 3 e 4.
No Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o uso da Qdenga após estudos feitos com 28 mil pessoas em diversos países. A vacina atingiu a eficácia geral de cerca de 80% e também foi eficiente para evitar hospitalizações e casos graves. Tanto por pessoas que nunca tiveram dengue como aqueles que já tiveram a doença podem receber a dose do imunizante.
A expectativa é que futuramente seja possível produzir a vacina contra os quatro tipos de vírus da dengue em território nacional. Atualmente, a Fiocruz está negociando com o laboratório japonês a transferência de tecnologia para que possa passar a produzir o imunizante no Brasil. O Instituto Butantan também tem uma vacina de dose única em fase de testes.
Mesmo com a vacina, eliminação de criadouros do mosquito ainda é fundamental
O Aedes aegypti vive bem nas cidades dentro ou ao redor das casas, escolas, empresas e qualquer lugar frequentado por pessoas. A fêmea precisa se alimentar de sangue para produzir seus ovos, ou seja, é ela que pica as pessoas em geral durante o dia (mas fique esperto, porque a fêmea do Aedes aegypti também pode picar à noite!). Depois, ela procura locais com água limpa e parada para colocar centenas de ovos que vão dar origem a larvas. Leva entre sete e dez dias para os ovos se transformarem em mosquitos adultos. Veja o ciclo de vida do Aedes aegypti na figura a seguir.
O mosquito prefere colocar seus ovos em criadouros artificiais, como pneus, garrafas, pratos e recipientes plásticos. Até uma tampinha de garrafa pode ser um criadouro. E de cada dez criadouros, oito estão dentro das casas. Por isso, dedicar 10 minutos por semana para procurar e eliminar os criadouros é fundamental. A fêmea do mosquito espalha seus ovos em diferentes locais, fique ligado e procure em lugares novos. Pense como um mosquito: se você pudesse voar, onde você encontraria água limpa e parada?
Saiba mais sobre a dengue no site do Invivo:
Quer saber mais sobre o mosquito Aedes aegypti? Está em cartaz no Museu da Vida Fiocruz a exposição ‘Aedes: Que Mosquito É Esse?’. A mostra, que fica aberta ao público até setembro de 2024 no Castelo da Fiocruz, explica a importância do combate ao inseto. Ela é composta por painéis, vídeos, jogos, aparatos, instrumentos científicos e uma escultura gigante de um mosquito fêmea. Saiba mais em museudavida.fiocruz.br
Fontes consultadas:
Biblioteca Virtual em Saúde. Ministério da Saúde anuncia estratégia de vacinação contra a dengue. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/ministerio-da-saude-anuncia-estrategia-de-vacinacao-contra-a-dengue/#:~:text=O%20Brasil%20%C3%A9%20o%20primeiro,)%2C%20que%20recomendou%20a%20incorpora%C3%A7%C3%A3o.
Infográfico: como controlar o Aedes aegypti para reduzir a transmissão de dengue, Zika e Chikungunya. Disponível em: https://www.ioc.fiocruz.br/infograficoaedes
Nota Técnica Conjunta SBIm/SBI/SBMT – 03/07/2023 (atualizada em 06/03/2024)
https://sbim.org.br/images/files/notas-tecnicas/nota-tecnica-sbim-sbi-sbmt-qdenga-v5.pdf
Por Tereza Costa
Data Publicação: 14/03/2024
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